segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Absinto e vento no rosto (A ambição de um poeta)

A luz vermelha da lâmpada me distrai,
Vagueio consciente por mundos que outros me apresentaram,
E me sinto em paz quando estou neste lugar.
Lá, onde todos os poetas de todos os tempos
se alimentaram do verbo e dos sentimentos,
E descobriram o sentido desprovido de razão,
E saudaram a vida com vinho e absinto,
e por pequenos momentos sentiram o amor na pele e na alma.
A luz no rosto dissolve as algemas do cotidiano,
e todos aqueles que aprenderam o caminho,
voltam para celebrar,
sem espadas e escudos
com o peito aberto,
sentindo a brisa fresca e cortante da liberdade.
Olhares íntimos em rostos estranhos,
mas que tem marcado o sinal da caminhada comum,
De séculos ou milênios,
de uma busca que não há de cessar...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Nostalgia

Foi-se o tempo em podiamos olhar nos olhos .
Tempo esse em que o amor não era só uma frase de retórica,
e as pessoas sentiam o vento no rosto e sorriam gratuitamente.
Neste tempo brindavamos sonhos compartilhados
e o desejo sincero de viver sem maiores pretensões,
onde "ser" bastava, e as moedas ficavam dependuradas na porta
para quando e quem precisasse.
Não existiam relógios nem quartos escuros
para chorarmos escondidos,
não existiam grades e cadernos de contabilidade,
e Deus era uma amigo intimo que nos inspirava com seu silêncio.
Neste tempo podiamos falar abertamente de nossos sentimentos,
sem correr o risco que nossas palavras se voltassem contra nós.
Foi-se o tempo em que eramos saudáveis e viviamos de poesia,
e podiamos dormir em paz com as janelas abertas,
esperando pelo dia seguinte que com certeza seria ensolarado...

sábado, 21 de agosto de 2010

Vida enlatada

Não preciso do amargo travestido de doce,
De sorrisos congelados
E amores perfeitos da festa do ano passado.
Não preciso de bons dias vencidos
De deuses sob encomenda,
E de gargalhadas nervosas.
Não preciso da turbulência das linguas nervosas,
e do ouvido oco de quem não houve mais que a si próprio.
Não preciso do ouro de tolo,
e nem de "Eu te amo" com olhares desviados
e tom de voz seco.
Não preciso de mais nada,
o que tenho basta.
Obrigado...agora tenho de viver...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Cansaço e estrelas( Uma radiografia das almas com fome)

Nos jornais, em cada esquina existencial
se anuncia compensações emocionais
para uma fome sem fim(?)
Nos frascos vazios o ar não preenche
o que não deve ser preenchido,
pois o vazio como túnel desobstruido
sempre leva a algum lugar,
mesmo com as lâmpadas apagadas
e a sensação claustrofobica
de que a saída está longe demais...
Sou um doutrinário fanático!!!
Acredito tão piamente na fome
que faço da busca, estratégia para a "não compensação".
Busco o absoluto,
plenamente consciente do relativo
e insconsciente do objeto da busca.
Busco a respiração profunda
me entorpecendo de cafeina e filosofia de bolso.
Me busco e me canso,
pois a proximidade do corpo não é coerente
com a distância da alma que o habita...
Sou filho do paradoxo
e isso me afasta de casa,
Onde poderia descansar um pouco
(E quem sabe?)
parar o movimento das estrelas e das pedras,
que continuam a existir,
independente do meu cansaço...

Tela plana e nirvana(Sindrome do cotidiano e náusea)

Quando conseguir penetrar na mente de todas as coisas
Conhecerei a realidade velada pela razão.
Conhecerei a sanidade última,
e minha respiração ficará mais leve,
o meu rosto ficará avermelhado,
e te deixarei dormir em paz.
Quando jantarmos juntos pela próxima vez
não mais te entediarei com minhas perguntas.
Ficarei em silêncio com minhas respostas emocionais,
Te entregarei as chaves da porta da frente,
E vou com minha mochila vazia,
e meus ombros leves.
Pegarei o ônibus e vou para
onde ninguém estará a minha espera.
Quando for para o lado escuro da lua,
talvez te mande um postal sem dedicatória,
com um cheiro diferente
que te faça perceber a grandeza do universo.
Tomarei vinho com Baco e dançarei com Krishna,
Mas antes deixarei alguns cheques assinados para o aluguel,
Porque para onde vou,
só ser basta...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Mascaras

Papéis são entregues na porta do supermercado
Roupas e sapatos com números abaixo,
Que fazem diminuir a circulação.
Rostos e sorrisos metálicos me olham sem me ver,
E o que eu preciso é só sentir outra respiração.
Ninguem fala através de suas mascáras,
e deus foi assassinado por um filósofo cansado.
Não sei o que há por detrás de suas mascaras,
Só sei que preciso de mais oxigênio...

domingo, 25 de julho de 2010

Espelhos

Pessoas que atravessam a rua,
Milhões de particulas,
Desejos realizados.
No espelho não reconheço o personagem,
Com a voz grave
E a respiração desritmada de ansiedade.
Como Alice meu espelho é portal para um mundo,
Não tenho mais nenhum medo
por ter descoberto sua existência.
Agora é dia,
Mas logo logo será noite,
E ai eu estarei em paz,
Com um pano sobre o espelho...